Acabei de ler: “Memórias de um intelectual comunista”, de Leandro Konder.
O filósofo Leandro Konder se diz um sobrevivente: comunista do século 20, tenta, neste início de século 21, reinterpretar os juízos e propostas formulados por Karl Marx no século 19.
Konder já se deu essa missão há alguns anos. Agora, lançou um livro no qual não só revisa o comunismo como a própria condição de comunista. Chama-se “Memórias de um intelectual comunista” (Civilização Brasileira, 264 páginas, R$ 39). Acabei de ler o livro. Levei só dois dias, tamanha a fluência do conteúdo. Nele, Konder – um dos mais respeitados intelectuais do país – repassa histórias de sua vida: das lembranças de um garoto “programado para progredir” ao presente de saúde frágil (o Mal de Parkinson o obrigou a abandonar atividades políticas e acadêmicas).
Leandro Konder nasceu em 1936, em Petrópolis (RJ) – filho de Valério Konder, médico sanitarista e líder comunista. Formado em Direito, Konder exilou-se em 1972, após ser preso e torturado pelo regime militar, e morou na Alemanha e depois na França até seu regresso ao Brasil em 1978. Doutorou-se em filosofia em 1987 no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. É professor no Departamento de Educação da PUC/RJ e do Departamento de História da UFF. Tem vasta produção intelectual como conferencista, articulista de jornais, ensaísta e ficcionista.
Em 2002 foi eleito o Intelectual do Ano pelo Fórum do Rio de Janeiro, da UERJ. Um dos maiores estudiosos do marxismo no país é autor, entre outras obras, de “A questão da ideologia” (São Paulo, Companhia das Letras, 2000), que também já li e é referência na minha estante sobre o assunto.
Um verdadeiro presente para o leitor: Leandro Konder dá uma lição de vida, tanto no plano existencial quanto no ideológico. Por meio de suas memórias, vê-se o homem, o filósofo, o escritor, nos momentos mais amargos e duros, a ensinar a coerência da sua visão de mundo e a tolerância com as opções contrárias. Altamente recomendável para aqueles que fazem do marxismo uma arma, um dogma ou uma religião.
Da orelha: “De Leandro Konder não se poderia esperar menos: este é um livro lúcido, transparente e permeado de afeto.” – Ferreira Gullar