A primeira falta
[Hoje eu tive um pesadelo. Sonhei que perdia o meu pai. Ele está bem, lindo, alegrando o mundo. Mas no pesadelo, eu senti a dor verdadeira da ausência do meu velho. Vou lá abraçá-lo e beijá-lo hoje. Enquanto posso. Porque um dia já não mais poderei].
Aos que não podem mais.
Na iminência crua de faltar-me
Vai-se o meu eixo, perco o chão.
Como ouvirei o teu doce não?
Da vida, onde o meu alarme?
Em vão, minha mão busca a tua.
Solta, só encontra o passado.
Tu, minha voz, conselho calado,
A finitude se me mostra nua…
Querendo mais tempo, corro pra ti,
Da vida rasgado, um bisturi…
Quero teu cheiro, teu riso que vai…
Olhar que não vê, porém que sente,
A dor que lancina meu corpo, minha mente
Na primeira falta do meu velho pai…